Horácio dos Reis Marques Ferreira

Horácio dos Reis Marques Ferreira

Escrevo um parágrafo de conotação pessoal.

Lecionava na única escola pública de Pontalinda, hoje Município, então Distrito de Jales, em 1977. Horácio dos Reis Marques Ferreira era um dos alunos da oitava série; ali, a escolaridade máxima - o segundo grau não havia ainda no local. O aluno na passagem da adolescência para ajuventude estudava à noite e trabalhava durante o dia. Usava as mãos na dureza do trabalho na roça como boia-fria.

Mas isto não é parte da história de imensa maioria dos indivíduos da classe trabalhadora? Onde a novidade?

Do trabalho com as mãos em si, ali, na roça, recomeçar, voltar a estudar, representava um salto. Passou por um curso na área de educação artística. Não podia pagar, parou. Na transição entre os séculos 20 e 21 matriculou- -se, insistiu e concluiu uma graduação em História. 

  • Trabalhadores Boias-Frias da cidade de Pontalinda-SP

    Segmento: Acadêmico

    Uma cabeça articula-se ao trabalho das mãos na elaboração de uma consciência. No passar dos anos o trabalho transita de ganha pão a objeto de pesquisa de Mestrado. A dissertação agora se transforma em livro. 
    O boia-fria – o professor de agora vai carregar no seu interior o boia-fria de outrora, sempre - toma para si a incumbência de estudar e pensar a situação da classe trabalhadora em Pontalinda. O percurso ocorre sempre no interior da classe trabalhadora - boia-fria e/ou professor - não importa. 
    Horácio dos Reis Marques Ferreira identifica-se, visceralmente, à classe trabalhadora. “Os boias-frias da cidade de Pontalinda. Trajetória e Cultura 1991/2010” confirma uma identidade de classe. Fecho, de volta à conotação pessoal. O êxito de Horácio dos Reis Marques Ferreira, no plano individual, é inegável. No entanto, mais importante, é a síntese entre o trabalho manual e o intelectual por ele posta de modo efetivo.

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