Luiza Oliveira
Advogada, atriz e socióloga, Luiza Silva Oliveira inicia um novo caminho: o da escrita. Seu primeiro livro "Afetos Transgressores" foi escrito após a perda de seu irmão Arnaldo Silva Oliveira, a quem o livro é dedicado, in memorian.
Afetos Transgressores
Segmento: Poesias
Sempre me perguntei como poderíamos viver sem a arte? E ademais, como podemos viver sem os artistas? Respondo desde já que é uma tarefa impossível. Pessoalmente, não quero viver sem a arte. Não que eu seja um grande artista ou coisa que o valha, mas que gosto das coisas belas, das coisas bem feitas, daquelas ideias cadentes que descem do céu como meteoros em chamas, e nos calcinam até os ossos!
É assim que me sinto quando leio os poemas de Luiza. Atingido por algo poderoso que vem do céu. Aquela mistura caleidoscópica de palavras, que mistura a graça e a inteligência. Ela nos transporta em uma viagem vertiginosa, para dentro de suas ideias e mistérios. É como se abríssemos uma porta e déssemos num grande jardim florido. Um lugar onde encontrássemos sombras e aromas, paz em meio a letras e palavras que crescem como tulipas raras. São sonhos. Que ela sonha acordada e em plena força de sua sapiência e sensibilidade. Às vezes, ela prefere ser concisa, com um Eu poético que esconde significados mágicos por trás de poucas palavras. Que nos força de maneira irresistível, a que trilhemos os mesmos caminhos de sabedoria, que deixemos de ser preguiçosos com os sentidos, que deixemos um pouco o nosso lugar de conforto. Sim, porque nos seus poemas, não encontramos apenas beleza, na maior parte desses escritos, existe uma força quase animal, que nos arremessa para frente, rumo a um destino que ela mesma traçou.
Ficamos mesmerizados com tamanha capacidade de pensamento. Ela fala sobre tudo e todos. Em uma poesia, pode falar sobre os nossos desejos como se tivesse inventado o pecado. Em outro, destila sua indignação sobre a condição humana, com a sensibilidade de uma atriz frente aos refletores, sabe que é mais que um personagem. Fernando Pessoa o grado escritor de nossa língua, disse uma vez que o poeta é um grande fingidor, que se faz às vezes de personagem para melhor contar a sua estória. Talvez por isso, que em Luiza, a alquimia de representar com a de escrever tenha dado tão certo. Ela conhece os dramas humanos. Lê as pessoas e casos e escreve. Degusto lentamente cada palavra de suas poesias, de sinceridade e amor. Pode existir algo melhor?
Carlos Alberto Bahiense