Moises Diniz

Moises Diniz

Moisés Diniz é neto de nordestinos de Riacho do Sangue, no Ceará, e índios ashaninkas das margens do Rio Amônia, em Cruzeiro do Sul, no Acre, um pequeno pedaço de terra mazônica que, para se tornar brasileira, pegou em armas na Revolução Acreana.

Moisés Diniz é oriundo da Congregação dos Irmãos Maristas, onde professou os votos temporários de pobreza, castidade e obediência. É formado em Pedagogia pela Universidade Federal do Acre. Membro da Academia Acreana de Letras.
 
Moisés Diniz, como ele mesmo diz, está mais para a poesia do que para a política. A poesia é a nossa alma que herdamos dos tempos imemoriais quando o homem ainda não havia se tornado lobo do semelhante.
 
A política é a ferramenta necessária para vencer os lobos e lutar pela felicidade humana.
  • O Santo de Deus

    Segmento: Literatura

    Hoje, doze anos após os tenebrosos acontecimentos de Lavras, eu olho o tempo e vejo que ele sepultou as dores de uns e reabriu as feridas de outros. Descubro que a morte não passa de uma festa adiada, um encontro de amor alterado, uma carícia negada, um sorriso adornado de angústia.

    Lavras se ramificou no meu sangue e não deixou que eu escrevesse um livro, mas digitasse a sua dor, anotasse suas lamentações mendicantes e registrasse seus ossos na pedra em que se transformou o coração dos homens urbanos, com a sua insensibilidade, sabedoria nula e cobiça infame.
     
    Lavras armou um laço de fogo na porta dos fundos da minha angústia, disse aos pássaros sem lar e colo que a alma humana vai subjugar cada um de nós até a pálida entrada nos cemitérios. E, como uma assombração em noite enluarada, quando não sabemos se o arrepio é de medo ou de paixão, Lavras nos tornou melhores, mais livres, mesmo que o custo tenha sido o barbarismo e a morte.
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